Sete horas, o som do despertador acorda-me para mais um dia de aulas prestes a começar com a tão agradável viagem de autocarro, repleto não só de estudantes que todos os dias cumprem o mesmo percurso mas também daqueles que parecem não cumprir a sua higiene diária e nos fazem torcer a cara num esgar de desagrado.
Sentindo-me anteontem particularmente observador, decidi reparar no comportamento dos primeiros que referi, e que resultou de forma algo hilariante naquilo a que dei o nome de "
síndrome do botão STOP", que passarei então a explicar.
Depois de todas as paragens, desde o início do meu percurso até à paragem anterior à que fica mais próxima da escola, há sempre alguém que carrega impaciente no botão para que o motorista páre. Depois disto, a população do veículo reduz-se praticamente a estudantes, que vão portanto sair na próxima paragem. Até aqui tudo bem - todos olham desinteressadamente para a rua, para o chão, para o tecto do autocarro...
até metade do percurso, quando começam a olhar uns para os outros, de forma interrogativa. Pouco depois, esta atitude torna-se verdadeiramente inquietante, mas o botão lá permanece intocável.
A cerca de dez metros da paragem, o interessante (ou não...) acontece: como que impulsionados pelo movimento de uma mola, salta tudo da cadeira para fazer aquilo que se pode comparar a uma maratona - com alguns atropelamentos pelo caminho - até ao botão que, dentro desta minha metáfora, será algo como a medalha de ouro. Entretanto, parece que esta situação se repete
todos os dias.
Imagino a vossa reacção desiludida desse lado; bem, admito que isto talvez não seja o comportamento mais interessante do mundo, mas achei a situação algo caricata. Alguém se atreve a elaborar uma teoria explicativa para isto?