7/23/2004

A revolta do povo?

Mais uma volta, mais uma viagem.

Está prestes a surgir uma nova vaga de processos jurídicos no nosso país. E tudo, segundo a edição de hoje do Correio da Manhã, graças a Maria Batanete. De facto, não deve ser fácil para a verdadeira família Batanete ser constantemente comparada com a família da sitcom da TVI, com o mesmo nome.

Maria fala em nome dos seus entes queridos, ao referir que "nós não queremos nenhuma indemnização, queremos apenas que a série deixe de ser emitida ou mude de nome. Devolvam a dignidade ao nosso apelido".

O drama e o horror chega ao ponto de Maria ter inscrito os seus netos numa nova escola, pois estes já estavam fartos de ser alvo das piadas dos colegas. Mas o que aconteceu depois foi o seguinte: uma das funcionárias, ao não encontrar os processos, pergunta a um colega se sabe deles e este, rindo-se, diz que, possivelmente, estão na TVI.

O cúmulo é atingido quando Maria conta que está já num psicólogo, enquanto o seu marido chora cada vez que vê Vítor de Sousa interpretar o papel de José Batanete, um agente de autoridade. Isto, porque o seu pai também se chamava José Batanete e usava uma farda da Guarda Fiscal...

Pior ainda: Maria tem uma sobrinha chamada Lucinda Batanete, o mesmo nome da personagem de Inês Castel-Branco, uma loira burra.

A família Batanete recorreu já à Alta Autoridade para a Comunicação Social e também a José Eduardo Moniz e a Marcelo Rebelo de Sousa, para que este intercedesse junto dele, embora, em qualquer dos casos, sem sucesso.

O processo foi, por isso, a única solução. Justifica-se assim o que referi na introdução: os milhares de processos que surgirão nos próximos tempos pertencerão a alentejanos, loiras, sogras, professores, alunos, advogados, polícias, ciganos, costureiras e cabeleireiras (entre outros), que se sentirão retratados negativamente nas sitcoms e programas de entretenimento da nossa televisão. Basta ainda acrescentar que nem o pessoal do Gato Fedorento irá escapar. A revolta dos Meireles e dos Fonsecas está para vir.