11/08/2004

Cromos de Portugal - nº19

Cromo Nº 19
Tino de Rans

Profissão: Calceteiro, ex-presidente da Junta de Freguesia de Rans
Idade: 33 anos
Frase: "Os políticos vêem as coisas tipo funil ao contrário"


Tino de Rans (aliás, Vitorino Silva) invadiu pela primeira vez a relativa pacatez dos nossos lares em 1999. Aquando do congresso do Partido Socialista, do qual é militante, subiu ao palanque, dando voz - e bem alta, por sinal - àquele que diz ser "o poder da rua". Como não podia deixar de ser, as imagens do congressista de braço erguido, que com um vigoroso abraço fez com certeza estalar as costelas do então Primeiro Ministro António Guterres, espalharam-se por toda a comunicação social.

Vitorino Silva (aliás, por esta altura, Tino de Rans) encontrou nesta oportunidade os seus quinze minutos de fama, uma fama de certo modo célere e que como tal trouxe a sua própria quota-parte de disparates, talvez na esperança de prolongar a visibilidade oferecida de bandeja pelos media. Participou em programas como Noites Marcianas (SIC), nBocas (NTV) e Big Tino (RTP2), escreveu um livro, editou um CD - de música popular, claro está - cujo grande sucesso foi um tema da sua autoria denominado "Pão Com Manteiga", que tem como refrão algo como "pão, pão, pão, pão com manteiga... Pão, pão, pão, pão com manteiga". Original, de facto.

Contudo, os ideais políticos mantiveram-se presentes, sempre na aspiração de chegar a um cargo que possa "dar voz a todos os Tinos do País". Para esse efeito, lidera um partido, ainda em fase embrionária - o movimento "Força TINO" (Força de Todos os Indigentes Naturalistas Operativos - seja lá o que isso for) - já que "o Tino é preciso para dar voz aos mais desprotegidos". A partir daqui, deputado, Primeiro-Ministro, Presidente da República, quem sabe - o céu é o limite.

Independendemente do pouco que conheço deste senhor cujo mediatismo me passou francamente ao lado salvo raras excepções, quero acreditar que, tal como o povo que diz defender, é apenas incompreendido. Porém, numa coisa estamos de acordo: falta-nos um pouco de tino, não só para dar voz aos desprotegidos mas talvez também para moderar a de certos e determinados governantes.